quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Mundo CÃO



É tempo de cachorro ! Cães para todos os lados e de todas as formas: tamanhos, cores, cheiro, latidos, pelos e por aí vai. O pior de todos os ítens ? O cocô. Qualquer estabelecimento tem nas paredes informações sobre esses bichos desaparecidos. Faixas e nomes nas ruas descrevem esses queridos amigos que sem a menor consideração com o dono, aproveitaram um portão aberto e caíram no mundo. A partir daí, o desespero toma conta das pessoas que ficam sem controle e agem como crianças quando perdem um brinquedo.

Os seres humanos estão cada vez mais estranhos. Nas cidades grandes o individualismo tomou conta das pessoas e cada um cuida de si. Caminham pelas ruas como se estivessem na lua, totalmente isolados. Teêm medo de comunicar-se, de fazer contato. Passageiros em uma viagem de solidão. Daí a busca pelo cão. Ele substitui os amigos, o companheiro.

No animal a confiança é plena. Ao lado dele, não há risco de decepção. Partindo daí, o cão ocupa o lugar mais importante da vida das pessoas. Tudo de bom deve ser para eles. Como bebezinhos, recebem todos os cuidados desde hospital para o parto à loja de roupa com desfile e tudo mais. E eles desfilam pelas ruas bem pimpões com brinquedinhos, lacinhos, casaco, tudo adquirido com preços bem salgados, pois não há uma loja de cão que não progrida. O bom senso não funciona na cabeça dessas pessoas. Da horror vê-los beijando a boca dos cães, dormindo com eles na mesma cama, em prantos ao leva-los para o hospital. Há quem já pagou a cirurgia do cachorro com o dinheiro que era para a cirurgia do irmão e que por isso precisou de empréstimo. Mas, já fiz parte desta turma dos cães.

Muito diferente desses cães almofadinhas de hoje, o Lete era um cão “de qualquer jeito”. Vira-lata dormia do lado de fora, comia restos. E gostava muito de café com pão. Muito afeiçoado a minha mãe, todas as manhas ia com ela a missa. Antes disso, ela coava o café e aproveitava o “café dormido”, misturava com pão e nosso simples e pobre vira-lata fazia seu desjejum com ela. Logo após, saiam os dois para a missa matinal. O Lete sem autorização do bispo não podia entrar na igreja. Obediente, esperava a missa terminar e muito alegre seguia sua dona pelas ruas da cidade. Diante dessa lembrança em vez de ficar um pouco mais favorável aos aborrecidos e mimados cães da cidade, tenho-lhes mais ódio e antipatia. Pois não há respeito com aqueles que não tem e não gostam de cachorros. Esses, são obrigados a conviver e suportar todo o tipo de manifestação dos donos e de seus animais. Onde esta a consciência ? A política da boa vizinhança ?


Maria Luiza Maciel

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